Skip to main content

OMW*

Desde a última sexta-feira (4), Belém (PA) tem sido sede do encontro “Diálogos Amazônicos”, uma iniciativa que reúne ONGs e movimentos socioambientais para debater questões cruciais relacionadas à região amazônica. Ao longo do evento, a exploração de petróleo na Amazônia emergiu como um tema central, sendo amplamente discutido em todas as cinco plenárias que abordaram questões como proteção dos territórios, saúde, ciência e energia, bioeconomia e povos indígenas.

O evento ocorre às vésperas da Cúpula da Amazônia, que se inicia, nesta terça-feira (8), na cidade. Durante esse período, chefes de Estado dos países amazônicos assinarão a Declaração de Belém, cujo objetivo é promover a cooperação regional em segurança, clima e direitos humanos. No entanto, é importante ressaltar que o documento não deve abordar compromissos relacionados à redução ou ao fim da exploração de combustíveis fósseis, como petróleo, carvão e gás mineral, que são conhecidos por serem significativos contribuintes para as mudanças climáticas.

A ausência de menção ao tema nos resultados da Cúpula tem suscitado debates e preocupações entre as organizações ambientais presentes nos “Diálogos Amazônicos”. Representantes acreditam que a exploração de petróleo na região pode acarretar riscos significativos ao meio ambiente, incluindo potenciais vazamentos de óleo que poderiam contaminar águas e territórios internacionais, especialmente em áreas sensíveis como a Margem Equatorial, próxima ao Suriname e à Guiana.

O evento também trouxe à tona a discussão sobre a importância da proteção da biodiversidade da Amazônia e a garantia dos direitos dos defensores da floresta. Alguns movimentos brasileiros destacam a relevância de aprender com as experiências de países como Equador, Colômbia, Peru e Suriname, que possuem uma história de resistência contra a exploração petrolífera em seus territórios.

Por fim, é crucial reconhecer que as oportunidades econômicas e competitivas devem ser moldadas através de práticas que incorporem baixas emissões de carbono e um profundo respeito pelo meio ambiente e pelas questões sociais. A perspectiva de um investimento de longo prazo na indústria petrolífera parece entrar em conflito com os esforços em curso para enfrentar as mudanças climáticas. Como resultado, a busca pelo equilíbrio entre o desenvolvimento econômico e a preservação do meio ambiente continua sendo um desafio significativo.

A iminente Cúpula da Amazônia, que sucede os “Diálogos Amazônicos”, assume um papel crucial, proporcionando uma plataforma para líderes políticos discutirem temas relevantes para a região amazônica e procurarem soluções às inquietações levantadas pelas organizações e movimentos da sociedade civil.

*Olga Martins Wehb é socióloga e consultora sênior no Centro Brasil no Clima


Leia a notícia completa:

Leia nossos artigos relacionados ao tema: