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A comunidade científica, representada pelo Painel Intergovernamental Sobre Mudanças Climáticas (IPCC), há décadas alerta para os riscos associados ao aquecimento global, cujas graves consequências naturais, sociais e econômicas já são evidentes. A seriedade e complexidade dos riscos das mudanças climáticas demandam que os governos, o setor empresarial e a sociedade civil se antecipem aos impactos previstos, cujos custos serão consideravelmente maiores e mais frequentes do que os da atual pandemia.

Os efeitos socioeconômicos da atual crise sanitária são e serão severos, retrocedendo níveis de miséria, aprofundando desigualdades e expondo ainda mais a parcela vulnerável da população a intempéries de todo tipo. Superar esta crise exige convergência estratégica de esforços, de modo a viabilizar um futuro sustentável, inclusivo e próspero para as atuais e futuras gerações.

A urgente recuperação econômica deve ser impulsionada por processos integrados, que possam simultaneamente regenerar ecossistemas, fortalecer empresas e gerar milhões de empregos, aproveitando oportunidades de investimento em energias renováveis, reflorestamentos, saneamento, reciclagem, bioeconomia, bem como em inovações tecnológicas e de processos produtivos, com uso mais eficiente dos recursos públicos e privados.

Além das urgências socioeconômicas provocadas pela pandemia, recaem sobre os estados parte considerável dos desafios relacionados à prevenção e adaptação aos impactos climáticos. Implementar planos preventivos e construtivos é a forma de agir mais inteligente e de menor custo.

Portanto, ações articuladas e propositivas, integrando os governos subnacionais brasileiros, se fazem urgentes para o alcance desses objetivos e das metas da Contribuição Nacionalmente Determinada (NDC) do Brasil, estabelecida no Acordo de Paris. Tais avanços só serão concretizados com o combate firme ao desmatamento e queimadas ilegais, com a promoção de energias limpas, a redução da queima de combustíveis fósseis, o aumento do uso de biocombustíveis, a eletrificação da mobilidade e o incentivo à agricultura de baixo carbono.

Considerando tais urgências e oportunidades, os governadores brasileiros signatários da presente carta instituem a aliança Governadores pelo Clima, em sintonia com outras iniciativas similares nos diversos continentes. Seremos uma coalizão suprapartidária, agregando ideias, forças e conhecimentos para enfrentar essa ameaça existencial. Com o compromisso de ação continuada, os Governadores signatários indicarão representantes executivos para consolidar a institucionalidade da aliança e construir uma agenda estratégica nacional e internacional.

Reiterando o Acordo de Paris, estaremos ativamente engajados com a comunidade internacional, como parte do esforço global para manter o aquecimento bem abaixo de 2oC e para acelerar a transição para uma economia limpa e inclusiva, que beneficiará nossa segurança, prosperidade e saúde.

Brasil, outubro de 2020.