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Para o ambientalista, que participa desta edição do podcast Entre no Clima, é preciso impulsionar espírito de cooperação e de parceria na sociedade para que existam mais agentes de mudança

Qualquer país que pense em atingir a neutralidade de carbono – o que significa buscar o equilíbrio entre as emissões e a absorção de carbono por sistemas naturais, fazendo com que o saldo na atmosfera seja, literalmente, neutro –, é importante primeiro “descarbonizar” ao máximo toda a cadeia econômica. Isso passa por reduzir permanentemente o maior volume possível de emissões, diminuindo o uso de energia, substituindo os combustíveis fósseis por fontes renováveis, viajando menos e eliminando desperdício de todos os tipos.

Já o carbono negativo está ainda um passo à frente: se uma nação remove mais emissões de CO2 do que dispersa, compensando além da quantidade total emitida, não apenas está neutralizando as emissões, mas as tornando negativas. Parece um sonho distante para um país de dimensões continentais – e ainda tão marcado pelo descuido com a natureza – como o Brasil? Não para Guilherme Syrkis, diretor do Centro Brasil no Clima (CBC).

“Nós temos um foco muito grande em promover a política de descarbonização. O CBC sonha com que o Brasil chegue em 2045 como carbono negativo: como um país que emite menos e que pode exportar bastante crédito para o mundo todo”, diz em entrevista ao Entre no Clima, o podcast do Um Só Planeta. Segundo ele, esse é um sonho possível de ser realizado nas próximas décadas.

O CBC, fundado em 2015 sob a liderança de seu pai, Alfredo Sirkis, falecido em 2020, vem atuando intensamente como um centro de reflexão e ação (think-and-do tank) na produção de conhecimento sobre mudanças climáticas e na incidência sobre políticas públicas que possam proporcionar adaptação e mitigação, além de causar impacto positivo para as populações mais afetadas pela crise climática.

O diretor explica que o CBC age para influenciar a política e as estruturas de poder brasileiras de forma estritamente apartidária. Desenvolve propostas, projetos, estratégias e ações, especialmente via articulação e incidência política no âmbito subnacional e diálogo no plano internacional, a fim de viabilizar a transição para uma economia carbono neutra, por meio da plena implementação do Acordo de Paris e, mais especificamente, da Contribuição Nacionalmente Determinada (NDC) brasileira.

Em seu histórico, vem ajudando a estabelecer metas setoriais e regionais da NDC, aumentando suas ambições, construindo uma estratégia de longo prazo com o objetivo de zerar emissões líquidas de gases de efeito estufa até meados do século 21 e concebendo ações de adaptação robustas em diferentes níveis. O CBC atua, assim, como uma instituição de apoio a metas ambientais ambiciosas para o país, contribuindo para que o Brasil retome uma posição de destaque no cenário global de combate efetivo às mudanças climáticas.

Para Syrkis, é necessário, no cenário atual, combinar reflexão e ação, teoria e prática – o que pode ser feito a partir da avaliação, análise de dados e de informações relevantes, articulação entre múltiplos stakeholders e diálogo nas diferentes esferas nacionais e internacionais de maneira estratégica, envolvendo toda a sociedade.

“Precisamos sempre ter esse espírito de cooperação, de parceria. Tem muita gente fazendo um trabalho super bacana nessa área. E sempre temos que estar pensando em como podemos potencializar juntos, e sermos de fato agentes de mudança, e mudança visível”, defende o ambientalista.