Governadores de Bahia, Espírito Santo e Pernambuco, além do senador Jaques Wagner e do embaixador da União Europeia no Brasil, Ignácio Ybañez, participaram nesta terça de evento articulado pelo CBC e o Instituto Clima e Sociedade (iCS).
Os governadores dos estados da Bahia, Rui Costa; do Espírito Santo, Renato Casagrande, e de Pernambuco, Paulo Câmara, além do senador Jaques Wagner (presidente da Comissão de Meio Ambiente do Senado) e do embaixador da União Europeia no Brasil, Ignácio Ybañez, atenderam ao convite do Centro Brasil no Clima (CBC) e do Instituto Clima e Sociedade (iCS) para debater hoje (28) inovações estratégicas para uma economia sustentável. Em pauta, a construção de um plano colaborativo capaz de interligar políticas públicas com foco nos recursos hídricos, nas energias renováveis, no reflorestamento e na inclusão social.
Durante o evento foi apresentado o projeto HidroSinergia (desenvolvido pelo CBC e iCS; veja mais ao final do texto), que integra as ações da iniciativa Governadores pelo Clima, coalização formada por 25 governadores comprometidos com o enfrentamento à crise climática e o desenvolvimento de uma nova economia focada na descarbonização do planeta e na redução das desigualdades.
A videoconferência seguiu o modelo de oficina estratégica que servirá de base para a elaboração de um documento com sugestões para integrar as gestões públicas do Nordeste de forma a enfrentar os desafios de um futuro sustentável de forma sistêmica.
O diretor-executivo do Centro Brasil no Clima (CBC), Guilherme Syrkis, abriu o evento sublinhando que não existem soluções fáceis. “O Brasil vive hoje uma crise hidroenergética muito preocupante com sérios problemas de energia de potência colocando em risco os momentos de alta demanda de energia e, no setor elétrico, não existe caminho simples, precisa de soluções inovadoras, integradas. Inovação e carbono neutro são a força motora para essa nova economia que buscamos cheia de oportunidade para os brasileiros”, analisou.
Na mesma linha, o articulador político do CBC, Sergio Xavier, comentou sobre a necessidade atual de buscar integração entre tecnologias e soluções já existentes. “O modelo fragmentado do passado já não consegue dar conta de problemas tão complexos e interligados. Portanto, problemas sistêmicos exigem soluções multissetoriais, interligadas. O caminho mais rápido é integrar o que já existe, o que está disperso”, comentou Xavier, que coordena os projetos Governadores Pelo Clima e HidroSinergia no CBC.
Para o embaixador da União Europeia no Brasil, Ignácio Ybáñez, é fundamental acelerar a implantação das energias renováveis e iniciar a transição energética no Brasil. “A atual crise hídrica e os efeitos progressivos das mudanças climáticas demonstra a importância de estabelecer um debate para garantir que o nível de carbono permaneça baixo no Brasil”, defendeu.
O governador Renato Casagrande (ES), que também atua como articulador do Governadores pelo Clima, citou a importância de uma articulação nacional e internacional para que o Brasil dê a sua contribuição para a preservação do planeta. “É preciso tratar da regulamentação do mercado de carbono, da redução das emissões e do desmatamento”, destacou.
Já o governador Rui Costa (BA) ressaltou a importância dos financiamentos nacionais e internacionais para projetos sustentáveis, tornando possível a substituição das energias fósseis por renováveis com uma implementação mais rápida. “Quero reafirmar a decisão do Estado da Bahia de se alinhar com o ambiente e o clima e, portanto, apoiar e implementar ações concretas que viabilizem a busca do carbono zero e, portanto, que possamos garantir para as próximas gerações uma vida e um planeta sustentável”, afirmou Costa.
O governador Paulo Câmara (PE) advertiu que não há mais tempo a perder quando o assunto é responsabilidade ambiental. “O contexto atual torna ainda mais relevante um evento como este, onde temos a oportunidade de discutir e compartilhar experiências, além de propor ações e soluções responsáveis para o bem do nosso planeta. A sustentabilidade se coloca como um pilar indispensável para o desenvolvimento do nosso País”, afirmou, ressaltando a oportunidade de ampliar o diálogo internacional com a comunidade europeia.
O senador Jaques Wagner (BA) ressaltou a importância de investir nas soluções climáticas e na preservação do meio ambiente, apontando caminhos para uma guinada verde. “Gostaria de colocar a Comissão de Meio Ambiente do Senado à disposição, seja para audiências públicas ou para a construção de projetos de lei que envolvam um conceito tripartite de sustentabilidade, conjugando questões ambientais, sociais e econômicas”, comentou.
Já Roberto Kishinami, coordenador de Energia do iCS, lembrou a vocação natural do Nordeste de acordo com a disponibilidade de recursos como vento e sol. “O Nordeste já tem um grande parque instalado, mas há um potencial muito maior, que vai exigir também um esforço da região para harmonizar a regulação local em torno dos parques eólicos e solares. As novas fontes renováveis são um bom caminho a percorrer e os problemas podem ser superados com o correto equacionamento de recursos e objetivos.”
A vocação do Nordeste também é percebida pela questão da privilegiada localização geográfica. “A distância geográfica é importante para diminuir os custos do transporte caso o Nordeste queira exportar hidrogênio verde, pois os portos da região estão muito próximos dos portos europeus. O Brasil também possui um potencial inovador com infraestrutura de pesquisa bem avançada com projetos pilotos avançados”, destacou Kristina Kramer, da GIZ.
Participaram do evento também os secretários de Meio Ambiente de Pernambuco, José Bertotti; da Bahia, Marcia Telles; do Ceará, Artur Bruno, e a presidente da Fundação de Amparo à Pesquisa e Inovação do Espírito Santo, Fabricio Machado.
Sobre o Hidrosinergia
O projeto articula parcerias para apoiar 4 eixos interligados: (1) Expansão das energias renováveis, fortalecendo a economia do semiárido (usinas solares e eólicas são indústrias sem água); (2) Reflorestamento e regeneração hidroambiental do São Francisco, aumentando segurança hídrica (com mais energia solar e eólica as hidrelétricas ficam em reserva, acumulando água na bacia); (3) Desenvolvimento da cadeia produtiva do Hidrogênio Verde para substituir combustíveis fósseis (o NE reúne excelentes condições para produção, aplicação e exportação desse combustível, obtido na separação, por eletrólise, do H2 do O da água, usando energia renovável, e que emite apenas vapor d’água em vez de poluentes); (4) Redução de desigualdades, planejando capacitações para acesso a empregos verdes no interior.
O projeto está atuando com as principais instituições socioambientais do Brasil e com os Estados que compõem o Semiárido brasileiro e/ou se relacionam com a Bacia do São Francisco – Alagoas, Bahia, Ceará, Espírito Santo, Maranhão, Minas Gerais, Paraíba, Pernambuco, Piauí, Rio Grande do Norte e Sergipe, articulando soluções para questões climáticas, sociais e econômicas.
Assista abaixo o encontro: