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Fonte: Rede de Adaptação Antirracista

Estamos vivendo no Brasil desigualdades sociais e territoriais decorrentes dos impactos e efeitos do aquecimento do planeta em 1,1 ºC. Precisamos urgentemente, portanto, de políticas públicas que contenham medidas efetivas de adaptação para responder aos efeitos dos eventos climáticos extremos sobre a vida das populações das cidades, da floresta e do campo. Os desastres ocorridos nos últimos três anos, com enchentes e deslizamentos, contudo, revelam que nem o poder público, nem as instituições privadas estão atuando na gestão das mudanças climáticas. Assim, devem ser responsabilizados adequadamente por sua omissão e ação ilegais.

O que aconteceu recentemente no litoral norte de São Paulo é mais um triste exemplo dos impactos da crise climática que se agrava dia após dia. De acordo com o Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres (Cemaden), as chuvas que caíram no final de semana de Carnaval – 18 e 19 de fevereiro últimos -, resultaram no acumulado de 682 mm de precipitação em Bertioga e 626 mm em São Sebastião, os maiores valores já registrados no país. Antes, o recorde histórico havia sido computado em Petrópolis, no Rio de Janeiro, quando a cidade foi castigada com uma chuva de 530 milímetros em 24 horas, na tragédia que levou a óbito 241 pessoas em 2022.

A crise, no entanto, é sentida em todo o país. Recife, por exemplo, tem um histórico de tragédias relacionadas aos altos índices pluviométricos, que se repetiram nos anos de 1975, 1986, 1990 e 2010 (com enchentes em 41 municípios da Zona da Mata Sul). Em 2022, no Brasil, mais de 500 pessoas morreram direta ou indiretamente em decorrência dos impactos dos grandes volumes de chuvas: alagamentos e deslizamentos de terras em encostas na Bahia, Pernambuco, Alagoas, Paraíba, Minas Gerais, São Paulo e Rio de Janeiro. Ainda assim, o poder público, até hoje, ainda não se adaptou para mitigar os efeitos das chuvas.