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Olga Martins Wehb*

Em um cenário de crescente preocupação com as mudanças climáticas e a degradação ambiental, líderes globais e instituições financeiras exploram novas estratégias para sustentar a proteção do planeta. Esse imperativo foi ressaltado durante uma recente assembleia com chefes de Estado dos países amazônicos, onde a urgência de investir na preservação das florestas ecoou com vigor.

À medida que a crise climática se desloca de uma previsão distante para uma realidade impactante, o trágico episódio no Havaí adquire um caráter de alerta, reforçando a premência do financiamento para enfrentar desafios globais. As dramáticas consequências observadas no Havaí, somadas às palavras marcantes de Ilan Goldfajn, presidente do BID, sublinham a relevância crítica de uma abordagem financeira transformadora para impulsionar a sustentabilidade.

Goldfajn, ao falar de inovações financeiras, destaca a conversão de dívidas em investimentos de conservação ambiental e a emissão de títulos amazônicos, que se assemelhariam aos “green bonds”, mas voltados especificamente para a proteção da Amazônia e respaldados por um grupo de nações. No entanto, ele também chama atenção para a tensão entre os financiamentos climáticos e sociais. Investimentos focados no clima, argumenta, têm benefícios sociais a longo prazo, como reduzir o deslocamento de populações devido a desastres. Mas, no curto prazo, há uma competição por recursos, necessitando de uma abordagem que una ambas as prioridades.

O Havaí, outrora paradisíaco, tornou-se palco de tragédia. Com apenas 10% das chuvas de um século atrás, cerca de 14% do estado enfrenta seca extrema ou moderada. Incêndios devastadores, decorrentes de ventos intensos e aridez, dizimaram mais de 800 hectares e levaram mais de 106 vidas. O símbolo de alegria e turismo agora vive luto, personificando a vulnerabilidade global às mudanças climáticas.

Diante dessa realidade, mitigação e adaptação são imperativos inegociáveis, especialmente em áreas suscetíveis a desastres como o Havaí. A capacidade de avaliar, adaptar e prevenir é vital para minimizar futuras crises. Contudo, isso requer financiamento substancial e um novo paradigma de investimento que emerge.

O presidente do BID enfatiza a transição de “bilhões para trilhões” no financiamento climático. É hora de explorar inovações como a conversão de dívidas em investimentos ambientais e títulos amazônicos. Além disso, é um chamado para uma transição justa, repensando o modelo econômico e promovendo conscientização ampla.

No âmago dos desafios, surgem oportunidades. Este é o momento de colaboração global, de ação conjunta para um futuro sustentável e menos impactante. Cada investimento em resiliência climática é uma salvaguarda para a nossa sobrevivência. Como cidadãos globais, é nosso dever apoiar essa jornada crucial para um amanhã mais verde, equitativo e promissor.

*Olga Martins Wehb é socióloga e consultora sênior do CBC.


Para uma análise profunda das dinâmicas do financiamento climático, convido você a explorar o artigo completo na matéria da Folha: