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Olga Martins Wehb*

Na atual conjuntura internacional, a luta contra a pobreza e a crise climática é tida como um dos desafios mais prementes de nossa era. Esta visão é partilhada pelo presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva, o presidente francês Emmanuel Macron, o presidente americano Joe Biden, entre outros dez líderes mundiais, que afirmaram na Cúpula de Paris para um novo pacto financeiro global que “devemos ter como prioridade uma transição justa e solidária”. Em um artigo de opinião publicado em meios de comunicação internacionais, como o Washington Post e o Le Monde, estes líderes pedem a reformulação dos bancos multilaterais e um maior apoio aos países em desenvolvimento.

Os líderes defendem a necessidade de uma reestruturação significativa dos bancos multilaterais, com o objetivo de maximizar o impacto dos recursos mobilizados, melhorar a qualidade de vida das populações e atingir a neutralidade de emissões, conforme estipulado pelo Acordo de Paris.

Apesar dos obstáculos potenciais, como resistências ao financiamento privado e à responsabilização dos países mais ricos pelas emissões de gases de efeito estufa, os líderes identificam oportunidades para impulsionar o crescimento econômico sustentável. Eles defendem uma transição ecológica justa e inclusiva e ressaltam a necessidade de atingir o objetivo, já atrasado, de alocar US$ 100 bilhões anuais ao Fundo Verde para o Clima até 2025, bem como a importância do alívio da dívida para os países mais pobres.

Durante o encerramento do evento em Paris, Macron anunciou um avanço significativo na mobilização do financiamento climático, com um acordo para fornecer US$ 100 bilhões atrasados para nações em desenvolvimento. Este compromisso, que tem sido esperado desde a conferência climática da ONU em 2009, visa ajudar os países em desenvolvimento a enfrentar a crise climática.

No entanto, organizações questionam a eficácia dessas medidas e se os fundos são suficientes, apontando que os investimentos muitas vezes vêm na forma de empréstimos, o que pode agravar a situação para os países em desenvolvimento.

A cúpula concluiu com o reconhecimento de que bancos de desenvolvimento multilaterais podem arrecadar até US$ 200 bilhões para as nações mais pobres na próxima década, mas isso pode exigir que os países desenvolvidos forneçam mais financiamento. Estas medidas, apesar das incertezas e críticas, representam um passo em direção à reestruturação da arquitetura do sistema financeiro global para abordar a crise climática de forma mais eficaz.

*Olga Martins Wehb é socióloga e consultora sênior do Centro Brasil no Clima

Referências:

  1. https://oglobo.globo.com/mundo/clima-e-ciencia/noticia/2023/06/lula-biden-e-macron-assinam-artigo-chamando-crise-climatica-e-pobreza-de-batalhas-existenciais-de-nossa-era.ghtml
  2. https://oglobo.globo.com/mundo/noticia/2023/06/macron-anuncia-que-paises-ricos-chegaram-a-acordo-para-us-100-bi-atrasados-em-financiamento-climatico.ghtml
  3. https://www.lemonde.fr/idees/article/2023/06/21/la-declaration-de-joe-biden-ursula-von-der-leyen-lula-emmanuel-macron-nous-devons-avoir-pour-priorite-une-transition-ecologique-juste-et-solidaire_6178504_3232.html