Seminário promovido pelo GLOBO discute hoje saneamento, despoluição, desenvolvimento sustentável e Agenda 2030
Fonte: Jornal O Globo, Selma Schmidt — Rio de Janeiro
Levantamento do Instituto Estadual do Ambiente (Inea) constatou a diminuição em cerca de 90% dos coliformes fecais no mar de Botafogo, em 2021 e 2022, numa comparação com anos anteriores. Desde o início de 2023, as praias de Imbuca, Moreninha e José Bonifácio, em Paquetá, passaram nos testes de balneabilidade. E a Lagoa Rodrigo de Freitas já mostra águas transparentes, com retorno da fauna e da flora.
Os dados são animadores, mas ainda há desafios a vencer em questões de meio ambiente, que serão debatidas por autoridades e especialistas no seminário Diálogos RJ, realizado pelo O GLOBO, hoje, a partir das 10h, na Hashdex- Hashtown, no Leblon, com mediação da jornalista do Ana Lucia Azevedo. O evento será transmitido pelo YouTube do GLOBO e Facebook do GLOBO e do Extra.
A primeira mesa, sobre saneamento e despoluição das lagoas e baías, terá a participação de Thiago Pampolha, vice-governador e secretário do Ambiente e Sustentabilidade. Segundo ele, o estado vive um novo momento na área ambiental. Pampolha destaca os impactos positivos da concessão dos serviços da Cedae. Para ele, o grande desafio de hoje é estruturar a gestão de resíduos, em alinhamento com o Novo Marco Legal do Saneamento e as metas de universalização dos serviços de água e esgoto, “com foco na sustentabilidade e no incremento da economia da cadeia produtiva do estado, que possui um enorme potencial para geração de renda”:
— Precisamos identificar as melhores rotas tecnológicas, que coloque o nosso estado no protagonismo do saneamento, gestão de resíduos e da economia circular do país — destaca o titular da Secretaria de Estado do Ambiente e Sustentabilidade (SEAS-RJ).
Alexandre Bianchini, diretor-presidente da Águas do Rio, vai citar os impactos gerados em um ano e meio de operação da concessionária. Nesse período, mais de 250 mil pessoas receberam água tratada pela primeira vez, e praias habituadas ao selo de não balneáveis, como Botafogo e algumas de Paquetá, já experimentaram momentos de liberação para banho.
— Estamos apenas no começo de nossa jornada de transformação. Acreditamos que sustentabilidade e impacto social caminham lado a lado quando o assunto é saneamento básico. Levar dignidade para as pessoas, com água de qualidade em casa e esgoto coletado e tratado, reflete no meio ambiente. Está tudo ligado — afirma Bianchini.
Fotos e vídeo da Lagoa
Biólogo marinho e diretor do Instituto Mar Urbano, Ricardo Gomes apresentará, na mesma mesa, fotos e vídeo recentes do fundo da Lagoa Rodrigo de Freitas:
— É a primeira vez que a Lagoa é fotografada e filmada debaixo d’água. Há muitos acarás, tainhas e barrigudinhos, e uma água limpa. Não dá para acreditar que é a Lagoa.
A segunda mesa, sobre desenvolvimento sustentável e o cumprimento da Agenda 2030 (plano global da ONU que estabeleceu 17 objetivos de desenvolvimento sustentável, os ODS), terá entre os convidados Ana Asti, subsecretária de Recursos Hídricos e Sustentabilidade da SEAS-RJ e diretora colegiada do Comitê Guandu RJ. Ana afirma que o governo vem incorporando os ODS em suas políticas públicas, planejamentos e diretrizes orçamentárias.
— Esses conjuntos de metas ajudam os setores da sociedade a traçarem planos de ação que valorizem a dignidade humana, impulsionem a não geração de resíduos, garantam a eficiência no uso dos recursos e tratamento de efluentes e assegurem a conservação e regeneração dos ecossistemas.
Outro palestrante será o coordenador Estratégico do Climate Reality Project Brasil (organização global criada por Al Gore, ex-vice-presidente dos Estados Unidos ), Sergio Besserman. Ele ressalta que a marca do Rio é a combinação de construção e natureza.
— Natureza é a chave do desenvolvimento e da geração de renda e emprego, e não uma questão estritamente ambiental — diz ele, acrescentando que a crise climática está se agravando, e a humanidade falhando no enfrentamento.
Guilherme Syrkis, diretor-executivo do Centro Brasil no Clima (CBC), também avalia que as mudanças climáticas têm se mostrado como um dos maiores desafios atuais. Syrkis chama a atenção ainda para “problemas particularmente complexos” enfrentados pelo Rio de Janeiro:
— Além de emissões advindas do setor de energia, com o uso de termelétricas, e dos transportes, o estado vivencia crise análoga à da Amazônia, com o crime organizado, especificamente as milícias, se apossando de áreas públicas e de preservação permanente, e contribuindo para o desmatamento. Esse cenário contribui para intensificar os efeitos de mudanças climáticas na região, como chuvas intensas e elevação do nível do mar.
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