Os impactos das mudanças do clima atingem severamente a população mundial. O AR6, último relatório do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), estima que de 3,3 bilhões a 3,6 bilhões de pessoas vivam hoje em locais ou contextos altamente vulneráveis às alterações. Gênero, etnia e renda são fatores de aumento de vulnerabilidade.
O risco de ruptura de algum dos cinco pontos de inflexão com impacto global — mantos de gelo na Antártica e Groenlândia, desmatamento da Amazônia, degelo do solo da Sibéria (o permafrost), jatos de vento no continente norte-americano e a possibilidade de alteração na grande corrente marinha oceânica —está aumentando e, com isso, a probabilidade de uma grande tragédia.
Sabemos o que fazer, soluções já existem, e muitas outras serão desenvolvidas, em especial as baseadas na natureza. Mas é preciso vencer a inércia e as resistências econômicas e políticas ancoradas no passado.
Os ativistas climáticos em todo o mundo, as organizações do terceiro setor, os diversos coletivos e as organizações da sociedade civil são a centelha que pode, por meio de ações concretas, projetos e pressão política e cultural, acelerar o enfrentamento da crise climática e impulsionar governos e empresas à velocidade necessária para evitar os piores cenários de aquecimento global.
Em agosto haverá um treinamento do Climate Reality Project para o Brasil. Projeto de Al Gore, ex-vice-presidente dos Estados Unidos, em 191 países, tem o objetivo de apresentar o melhor conhecimento sobre a realidade climática. A iniciativa propõe também aumentar a rede dos líderes climáticos no Brasil e noutros países de língua portuguesa. Essa rede é uma poderosa ferramenta para troca de conhecimento, ativismo local, global e ações em parceria com as outras redes e organizações de ativismo climático.
*Sérgio Besserman é coordenador estratégico do Climate Reality Project Brasil, organização global representada no país pelo Centro Brasil no Clima (CBC)