Em um contexto nacional de aumento do desmatamento na Amazônia, atividade que responde por mais de 50% das emissões de gases estufa no Brasil, Governadores pelo Clima reúne estados das regiões Norte e Centro-Oeste para discutir formas de impulsionar a bioeconomia na região Amazônica
Em um contexto nacional de aumento do desmatamento na Amazônia, atividade que responde por mais de 50% das emissões de gases estufa no Brasil, governadores e secretários de meio ambiente dos estados das regiões Norte e Centro-Oeste se reuniram nesta quarta-feira (26), em um evento online, para discutir formas de impulsionar a Bioeconomia na região Amazônica.
Os mandatários do Amapá, Waldez Góes; do Mato Grosso do Sul, Reinaldo Azambuja; do Mato Grosso, Mauro Mendes Ferreira, e do Pará, Helder Barbalho, além do vice-governador do Distrito Federal, Paco Britto, estiveram presentes ao encontro. O evento, fechado, foi realizado pela iniciativa Governadores Pelo Clima, articulada pelo Centro Brasil no Clima (CBC), e contou com a coordenação do ex-secretário de meio ambiente de Pernambuco e articulador político do CBC, Sergio Xavier, e a presença do diretor-executivo da instituição Guilherme Syrkis, que abriu a reunião. O encontro teve como objetivo identificar oportunidades de regeneração que integrem os melhores e mais seguros conhecimentos para criar aceleradores que impulsionem cadeias produtivas com potencialidades e vocações imediatas.
Além dos governadores do Norte e Centro-Oeste, também participaram do evento secretários estaduais de meio ambiente e representantes de instituições internacionais, com destaque para o Embaixador da União Européia no Brasil, Ignacio Ybáñez. Em fala durante o evento, Ybáñez destacou que “a credibilidade do Brasil depende de sua capacidade de controlar o desmatamento e os rumos do país, tomados nos últimos anos, estão gerando alarme no exterior. Os números mais recentes confirmam que a tendência não é boa”.
Também presente ao encontro, o cientista Carlos Nobre fez a palestra principal apresentando o projeto Amazônia 4.0, focado em bioeconomia no bioma, e arrematou: “A transição para a bioeconomia na Amazônia não pode ser lenta, tem que ocorrer em dois ou três anos. É uma transformação política. E é muito bom que os governadores estejam mobilizados para isso. Não podemos mais esperar décadas para zerar o desmatamento na Amazônia”.
Waldez Góes, governador do Amapá, um dos governadores presentes ao encontro, apontou questões-chave, sinalizou soluções e caminhos alternativos, além de ressaltar a importância da regulamentação do Artigo 6 do Acordo de Paris: “precisamos ter investimentos fortes em pesquisas e tecnologias regionais que temos hoje, para investir nos recursos da Amazônia (…) O objetivo é sair da próxima COP com sonho realizado, acordos firmados e a bioeconomia a passos largos”.
Reinaldo Azambuja, governador do Mato Grosso do Sul, afirmou a intenção de que o estado se torne carbono neutro até 2030, compromisso firmado no âmbito do programa Mato Grosso do Sul Carbono Neutro, e a necessidade de se olhar também para outros biomas, além da Amazônia. “Não tem outra agenda que caiba neste momento. As gerações vão estar atentas aos nossos atos, ou vamos estar fora da agenda global”, definiu. Já o governador do Mato Grosso, Mauro Mendes Ferreira, aproveitou o encontro para reafirmar o compromisso do Estado de se tornar carbono neutro até 2030 e de desenvolver políticas de combate à insegurança alimentar.
Apoio aos estados
O evento teve espaço também para intervenções de organizações internacionais, que demonstraram possibilidades de atuação em conjunto com estados brasileiros para fomentar negócios e oportunidades econômicas baseados na conservação da biodiversidade.
Tatiana Balzon e Benno Pokorny, da GIZ, apresentaram as estratégias da agência de cooperação alemã para apoiar o crescimento da bioeconomia. “Estamos felizes de estar ao lado de vocês, na possibilidade de acompanhar esse grande plano de transformar a bioeconomia numa realidade na Amazônia”, informaram os representantes alemães aos governos estaduais.
Na mesma linha falou Patrick Sabatier, presidente da Câmara de Comércio França-Brasil, ao apresentar a perspectiva da entidade e das empresas francesas, com a L’oreal, que segundo ele “estão bastante mobilizadas em prol da biodiversidade” e têm como meta valorizar iniciativas e produtos que contem com fórmulas de base biológica e que usem ingredientes naturais, calcados em processos circulares.
Encontros regionais
Tendo como prioridade atrair investimentos em cadeias produtivas de baixo carbono e visando acelerar a geração de empregos sustentáveis em todas as regiões do país, o projeto Governadores Pelo Clima, que articulou a reunião, é um modelo inovador de governança climática que visa ligar urgências e vocações estaduais com oportunidades socioeconômicas e ambientais, conectando ideias e ações de setores acadêmicos, empresariais, não-governamentais, além de organizações internacionais e fontes de financiamento.
A iniciativa foi foi oficialmente instituída em outubro de 2020, no I Encontro Internacional Governadores pelo Clima, quando foi lançada a Carta dos Governadores pelo Clima. Ao longo de 2021, estão sendo realizados encontros regionais com os estados das diferentes regiões do país, para sedimentar o modelo de governança da iniciativa e avançar nas pautas prioritárias identificadas pelos governadores — por exemplo, o impulso à bioeconomia, tema do encontro desta quarta.
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