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Historicamente, a Amazônia tem desempenhado um papel crucial no ecossistema global. De acordo com estudos recentes da revista Nature e do INPE, entre 2019 e 2020, as emissões de carbono provenientes da Amazônia saltaram 89% e 122% respectivamente, em relação à média da década anterior (2010-2018). Este aumento expressivo é reflexo da intensificação da degradação ambiental, particularmente devido ao desmatamento e às recorrentes queimadas. Tais tendências alarmantes, até 2022, podem ser atribuídas ao enfraquecimento das políticas de proteção ambiental brasileiras. Políticas de conservação que antes eram robustas estiveram em declínio, o que pode estar ligado ao incremento das práticas de desmatamento e queimadas e do desmonte dos órgãos ambientais no Brasil.
Contudo, o Imazon trouxe recentemente notícias mais encorajadoras. Em julho de 2023, houve uma diminuição de 71% no desmatamento na Amazônia, com um total de 499 km² desmatados, comparado a julho de 2022.
Esta degradação afeta não só a fauna e flora, mas também comunidades locais que, por gerações, viveram em harmonia com a floresta. A deterioração da floresta põe em risco a subsistência, a saúde e a cultura destes povos.
O impacto da degradação da Amazônia reverbera globalmente, influenciando o clima e o equilíbrio ecológico mundial. Aí reside a importância de estudos abrangentes sobre biodiversidade e os desdobramentos socioeconômicos e culturais na região.
Face a essa realidade, é imperativo um esforço conjunto entre entidades governamentais, setor privado e sociedade civil. Todos têm um papel vital na proteção e conservação da Amazônia.
No entanto, surgem questões: Estamos prontos para cumprir nossos compromissos do Acordo de Paris? E qual será o impacto da exploração de petróleo na Margem Equatorial, que se estende por mais de 2.200 km da costa brasileira? Esta região inclui várias bacias, e a exploração se concentraria na Foz do Amazonas, a 160 km da costa, 500 km da foz do Rio Amazonas e a 2.880 metros de profundidade. Esta região, conforme explicou o Presidente do IBAMA, Rodrigo Agostinho (confira a análise completa na CNN Brasil), é influenciada por uma forte corrente marítima. Assim, um derramamento de petróleo poderia chegar até a Guiana Francesa, por exemplo.
Apesar de Mato Grosso, Amazonas e Pará terem presenciado quedas no desmatamento, permanecem líderes nos índices de degradação. Em contraste, Roraima registrou um aumento de 52% no desmatamento.
Belém do Pará estará no centro das atenções mundiais com a aproximação da COP30 em 2025. Esta conferência sublinhará a urgência das iniciativas brasileiras relacionadas à conservação e à redução das emissões de GEE.
A combinação destas estatísticas, as discussões previstas para a COP30 e os impactos potenciais da exploração petrolífera reforçam a necessidade de cooperação global e esforços nacionais para salvaguardar a Amazônia.
Por fim, vale destacar que a Amazônia, enquanto pulmão do planeta, suscita reflexões profundas de todos nós. Como conciliar as demandas econômicas e as necessidades ecológicas de uma região tão vasta e diversa? Até que ponto as decisões tomadas agora irão repercutir no equilíbrio global do clima e na subsistência de comunidades locais? A pressão da comunidade internacional, somada à iminência da COP30, levanta outro questionamento: o Brasil está preparado para liderar o caminho em soluções sustentáveis? Ou continuaremos no modelo econômico insustentável?
Diante destes desafios, uma coisa é clara: o modelo de desenvolvimento adotado deve focar em uma transição justa, assegurando a integridade territorial, promovendo a sustentabilidade e incorporando novas tecnologias – ex: biotecnologia, para moldar um futuro mais promissor e equilibrado para a região e, por extensão, para o mundo.
Para mais detalhes, recomendamos a consulta dos estudos completos na Nature, INPE e Imazon e CNN.
*Olga Martins Wehb é socióloga e Consultora Sênior no CBC.
Fontes:
Estudo publicado na revista científica Nature: https://www.nature.com/articles/s41586-023-06390-0