Com o apoio do Centro Brasil no Clima (CBC), autoridades e especialistas debateram, durante a Zero Summit 2023, o futuro da Amazônia em meio ao desmatamento crescente e a atuação do crime organizado na região. Os participantes discutiram soluções para a o que é reconhecido como um dos mais importantes biomas do planeta. O diretor-executivo do CBC, Guilherme Syrkis, e o consultor-sênior e fundador do CBC, Fabio Feldmann compuseram a mesa de debates, ao lado de Carlos Nobre, climatologista e pesquisador do Inpe; com o CEO da UNICOBA, George Fernandes e Antônio Moreira Salles, fundador da Mandi Ventures.
Luiza Demôro, representante da Bloomberg NEF, que mediou o debate, chamou atenção para as ações de destruição estarem deixando a Amazônia em um “ponto de não retorno”. Carlos Nobre comentou que o aquecimento global e a agropecuária, responsável, segundo ele, por 90% do desmatamento na região, são os principais causadores do cenário desolador. Em seguida, Guilherme Syrkis abriu a sua fala deixando claro que não tem “político de estimação” e saudou a nova equipe do Ministério do Meio Ambiente. “Acredito que, com muita perseverança, a ministra Marina (Silva) vai reduzir o desmatamento. Mas, hoje, ela encontra um ambiente mais hostil, pois o narcotráfico, o PCC, invadiu a Amazônia”, comentou.
Fabio Feldman salientou a importância do Fundo Amazônia e comemorou a retomada das negociações entre os governos de países que o operam e o Brasil para novo aporte de recursos. “Esse fundo foi esvaziado no último governo, mas segue sendo um instrumento importante, apesar de não ser o único”, destacou. George Fernandes, representante da UNICOBA, falou sobre uma nova visão econômica para a Amazônia, enquanto Antônio Moreira Salles disse acreditar que ainda há muito para ser descoberto na vastidão da floresta que possa gerar renda para as comunidades locais.
Em uma segunda rodada do debate, a mediadora pediu aos debatedores que falassem sobre soluções imediatas para a Amazônia. Nobre respondeu que a primeira ação deveria ser a de desenvolver uma “bioeconomia de floresta em pé”: “Há inúmeras demonstrações de que o potencial dos produtos da biodiversidade é muito maior que o da pecuária, por exemplo”. Syrkis destacou a importância de deixar clara a mensagem política de fim da impunidade. “É preciso reimplantar o Ibama nesses locais. Até bem pouco tempo, o escritório que funcionava na região onde Bruno e Dom morreram estava fechado. É preciso reocupar a região com o poder de polícia”, assegurou o diretor do CBC, acrescentando que, depois dessa retomada, é necessário levar programas sociais e de desenvolvimento para a Amazônia.
Fabio Feldmann chamou a atenção para a importância do dispositivo constitucional que diz que terras devolutas, onde existem ecossistemas importantes, não podem ter uso que não o da conservação. “O Brasil ainda não despertou para isso. É preciso demarcar as terras públicas na Amazônia e dar um destino a elas, até mesmo para a exploração de recursos naturais de forma sustentável”, explicou.